Poesias de Dom Pedro II/53
ESTANCIAS
dirigidas a S. M. o Senhor D. Pedro de Alcantara.
Poesia de Alfredo Theulot.
Eil-os quebrados; tronco e mais grilhāo;
E os filhos da humana comunhāo,
Sāo amigos pelas leis.
E o acto de paz, tāo justo e sublimado,
O mais bello que o seculo ha practicado,
Ao Brazil, vós o deveis.
Foste tu que fizeste o que hoje somos,
Lembrando a uns que homens sempre fomos,
E a outros o seu dever.
Duplo libertador, tua māo amada,
Nobre poupa ao escravo a sorte airada,
E a nós o pudor de o vêr.
Que mudança! era hontem barbaria;
A vida começava e, preso, já soffria
Sem descanço no labor.
Ceu sem o ar puro que o homem livre aspira,
Casa sem lar, filho que nāo sorrira,
Māe, coitada sem amor!
Jubilo de todos, gloria de nossa era,
Os invernos passaram; vem a primavera:
Volta a aurea edade apressada.
Em toda a parte a esperança, alva a clarear,
D’horrivel sonho suave a despertar
Os de quem era ignorada.
Deixa a outros, Brazil, gloria usurpada;
Brandāo, vencendo, a homicida espada,
Ante a tremula humanidade.
Seu nome é sangue em areia insaciavel,
E o teu, p’ra que jamais seja olvidavel,
Basta dizer: liberdade!
Bordo do Congo, 4 de agosto de 1888.
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