7
A ALDEIA
Eu te saudo, cantinho solitario,
doce refugio da tranquillidade,
da suave inspiraçāo e das fadigas,
aonde dos meus dias pouco a pouco
se derrama a torrente imperceptivel
no seio da ventura e esquecimento!
Bem te posso affirmar que te pertenço:5
Troquei dos reis a depravada côrte,
ocios, regios festins, libertinagens,
pelo soído pacifico dos bosques,
pelo meigo socego das campinas,
e pela ociosidade ao livre arbitrio,
da reflexǎo consocia inseparavel.
Sou teu : este jardim occulto adoro
com sua fresquidǎo e flores suas,10
este prado co՚ as mêdas odorantes,
onde deslizam limpidos ribeiros
marulhando entre a sombra dos arbustos!
Perante mim em tudo ha quadros moveis:
Vejo aqui dois azues e planos lagos,
onde de quando em quando á superficie
do pobre pescador branqueja a vela;15