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SONETO

 

Por D. Mon.

 

Risca a geada nos vidros arabesco;
E, se o raspo, avistando vou lá fóra
Quem passa encapotado a qualquer hora,
De frio tiritando e bem grotesco.

Vae com o vento o chapéo; fica burlesco;
A arvore contra o vento nāo se escora,
E outra fere, morta muito embora,
Com seu saudar tāo rude e pittoresco.

D’agoa do lago faz subtil poeira
Que inunda caes e molhe e a barca inteira,
Onde o frio em stalactites a converte;

Mas a gaivotasinha se diverte,
Globo argenteo sobre a agoa saltitante,
Como subtil pennugem fluctuante.