13
Nāo chorava, que em pedra me tornei,
Elles sim; o Anselminho, que é tāo meu,
Disse: Que tens? O que olhas, pae, nāo sei.
E nāo chorei, e nāo respondi eu
Por todo o dia e toda a noite inteira,
Té que no mundo novo sol se ergueu.
Ao entrar pouca luz pela setteira
No doloroso carcer, descobri
Minha cara nas quatro verdadeira;
De desespero ambas as māos mordi,
E crendo que o fizera por vontade
De comer, levantarāo-se d՚ali,
E disserāo: Oh Pae, maior piedade
É comeres de nós; tu nos vestiste
Das pobres carnes, tira-as sem saudade.
Soceguei por nāo ver cada um mais triste.
Este dia, mais outro passa-se calado.
Ah, crua terra, porque nāo te abriste?
Quando por fim o quarto é já chegado,
Gaddo a meus pés atira-se ao comprido
E diz: Nāo me soccorres, pae amado?
Ahi morreu, e qual me vês cahido,
Os trez vi eu cahir de um em um,
Do quinto ao sexto dia; já perdido,
Cego me puz a apalpar cada um.
Trez dias os chamei, mortos estando.
Mas pode mais que a dor emfim o jejum.