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Page:Poesias de Dom Pedro II.pdf/116

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52

O ADEUS.

 

(Da Illustraçāo de Dezembro de 1887.)

 

Quando do lago azul e calmo, uma andorinha
Passando arranha o setim com a azazinha,
A ferida se fecha e o azul torna a dormir;
Se a borboleta auri-purpura fugir,

Deixando sosinha a flor que tanto amnou,
Que nāo pode seguil-a e triste ahi ficou,
Larga-a trémula tambem por um instante,
Ergue-se ella e esquece ou a volta nāo ’stá distante.

Mas quando me desamparas, cara amante,
Deixas em mim vestigio muito mais constante
Que o balancear da flor ou d’agua o encrespado.

Querida borboleta! Passarinho amado!
E mais o tempo foge, e mais n’alma feliz
Permanece o tremor e afunda a cicatriz.