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Page:Cartas tupis dos Camarões.pdf/21

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REV. DO INST. ARCH. E GEOG. PERN.

phrase assim se apresenta: «... mae pere mimotara...» erroneamente escripta, devendo graphar-se como acima interpretamos. O autor da carta entra, de facto, n’uma serie de invectivas, estranhando a attitude dos seus parentes. Esta phrase é uma interrogativa de estranheza. O au-
tor da carta apostropha: « Porque vós outros procedeis á falsa fé? » O verbo iemimotar ou nemimotar significa ao pé da lettra: desejar ás escondidas... » e tambem, por synonimia, proceder occultamente, ou a falsa fé. Na traducção hollandeza de J. Eduards esta phrase foi sup-
primida.

 

^ (e) Mae monhang-aguama recê? que, ao pé da lettra, se traduz : « Porque haveis de fazer pelo? » phrase que em melhor portuguez se dirá: « Porque haveis de ser assim? » ou, por outra, «Porque isto?» Na traducção hollandeza tambem não vem esta phrase.

 

^ (f) A phrase tupi não offerece aqui difficuldade no traduzir-se para o portuguez. Termo a termo, o trecho quer dizer: « Mandei estes meus soldados lá para comtigo, aos poucos haveis de vos governar, ide, observae dizendo eu. « Na traducção hollandeza se diz porem: « Man-
dei os meus soldados a um tal logar dizendo-lhes: Ide e vede se po-
deis trazer os nossos de lá. » Como se vê é traducção exprimindo pen-
samento bem diverso. A primeira parte da phrase tem, com pouca differença, traducção identica a que lhe demos; a segunda parte porem não condiz com a traducção litteral.

Na primeira parte, entretanto, o traductor hollandez tomou a ex-
pressão do texto copiado: « Ebapo nderapy pipe...» que, mais bem escripto. é o mesmo que «...ebapó nderupi pypé...» como significando « a um tal logar, quando, litteralmente fallando, quer dizer «...lá para comtigo...» isto é, «lá para os teus lados » ou « lá para tuas ban-
das
 ». Para isso confirmar, basta attender para o significado de cada termo: ebapó lá: ndèrupia ti, para ti: pypécom. A expressão « nderupi pypé » se traduz mui correctamente: «para comtigo».

A segunda parte do periodo criticado foi porem vertida com incor-
recção, como já acima o dissemos. No texto copiado se lê o seguinte relativamente a essa parte «…pecemo rece pequay agua amocema re-
piaca guiy abo
...» Mas, recompondo o texto como é mister temos o seguinte: «... pecêmo recè, pèquay-aguama, ocema, repiaca guiyabo...» cuja traducção, termo a termo, é : « poucos aos vos haveis de gover-
nar, ide, vède, dizendo eu
...» phrase esta que, ao sabòr portuguez, quer dizer: « aos poucos haveis de perceber, ide, vede, dizendo eu », e ainda mais correctamente: « recommendando eu: procedei com cautela, ide e observae. »

Não ha como conciliar com o texto supra a traducção de Johannes Eduards.

 

^ (g) Este periodo traduzido termo a termo, ao caracter da lingua tupi, nos parece confuso, mas disposto ao sabor portuguez é o seguinte: « Mandei para ahi o Capitão Diogo da Costa pegar gente. algumas dez mulheres tapuyas para serem iustruidas e depois de lhes communicar esta nossa ida para vós as fizesse sahir. O sentido do periodo é per-